quarta-feira, 24 de abril de 2013

“Cada um sabe onde o calo aperta."

Montagem foi feita por Nahu Lima.Não consegui identificar o/a
fotografo/a. Sororidade é uma palavra em latim, que significa
algo como Irmandade.
Adoro ditados. Desde aqueles mais escrotos, que dão patadas com a maior sutileza, até aqueles que lhe incitam a “respirar a paz”. Um dos que mais gosto é este, e era repetido por minha mãe, em várias situações.
Ultimamente, ele tem me feito refletir sobre o quanto temos sido solidário com o outro. Em um mundo que capitaliza, tudo, desde direitos básicos, até sentimentos nobres como o amor, a paixão e coisas do tipo, ser solidário, sempre incorre nas questões financeiras, administrativas, mas o tipo de solidariedade de que falo aqui, é aquela que é perceptível no olhar e na pele e que se expressa nas pequenas coisas do dia a dia.
Costumo dizer, que meu nível de solidariedade é medido por Raça/Cor, Classe e Gênero, e Sexualidade. Minha alma, leonina, impulsionada pelo Sol em Leão, Lua em Leão, Vênus em Leão, e um monte de coisas em Capricórnio, costuma centrar a minha solidariedade nas pessoas que vivenciam os mesmos problemas que eu, problemas que não são “coisas da cabeça “, mas que existem por uma disparidade racial e de gênero, que exclui as mulheres negras dos espaços de poder, um poder econômico e social.Me permita, por favor, um toque de egoísmo.
Me recordo sempre, da galera do movimento Hip-Hop, quando diz a celebre frase.”Antes nós, do que eles”.Nós.Eles.Segundo Stuart Hall, o “nós” é sempre construído a partir da relação com o outro, traduzindo, só compreendo que fui (deliberadamente, diga-se de passagem”, excluída, por que observo ao meu redor, e percebo que existem pessoas diferentes de mim, que não passam por metade do que eu passo.
Ao mesmo tempo, olho ao redor, e encontro nas caras pretas das minhas irmãs, uma vivência em comum, dificuldades em comum, lutas em comum, batalhas que são travadas em Brasília, Fortaleza, Salvador, mas que são constituídas de sujeitos parecidos, que tem uma ancestralidade igual, recordo-me de certa vez passar pela Liberdade, bairro de Salvador, berço do Bloco Afro Ilê Aiyê, e de tantos outros, quando vi um muro com uma inscrição que dizia, “Minha mãe eu sei quem é. África”.
Veja bem, isso não significa que não seja solidária com todos. Significa que só dedico tempo, ouvidos e ombros, aqueles que “colam comigo”. Parafraseando, essas frases de efeitos, que rolam pelas redes sociais, “Não trato como prioridade, quem me trata como opção”, e isto levo para as diversas instâncias da minha vida.
Resumindo. Na hora em que o bicho pega, salvo quem ta comigo. Quem não está, posso até salvar. Depois.




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