Outro dia, um
amigo lançou uma campanha no Facebook onde pegava fotos de homens e mulheres
negras, e comentava o fato de serem pessoas normais, do cotidiano de uma
Salvador preta, e que grande parte das publicações de fotos e mulheres negras
nesta rede social, estava sempre reforçando homens e mulheres magras,
cabeludos, sem dobras, cicatrizes, pneuzinhos, e coisas do tipo.
O padrão de
beleza, eurocêntrico nos influencia até quando estamos tentando lutar contra
ele, e é preciso estarmos atentos a isso. Os gregos viam nos traços bem
definidos, a beleza.Corpos esculturais que eram modelados nas batalhas diárias,
em espaços de guerra, como se diz no mundo acadêmico, “medidas proporcionais”,
que eram expressas nas suas esculturas, alias eram tão aficcionados a isso que
criaram uma regra matemática,para definir se um rosto é bonito ou não.
Seja, grego,
romano, árabe,judeu, negro, negra, branca, branco, indígena, oriental, e por ai
segue.Existe sempre um padrão corpóreo a ser seguido, é a ditadura da magreza,
a ditadura da cabeleira, ou em tempos de “popozudas”, a ditadura do bundão,
pernão, peitão, que poderia ser conhecida como a ditadura do “aõ”, desde que
seja um “aõ” controlado, bem durinho.
Para as
mulheres, cobradas o tempo inteiro para estarem lindas, prontas pra qualquer
espaços, isto se constitui em um sacrifício diário. E como os homens lidam com
isso? Eles também são cobrados, e sofrem com os idéias de beleza, é só olhar
pra os outdoors, capas de revistas, caderno, e afins, que você verá o tipo de homem
exposto, sempre bem malhados, com seus tanquinhos, definidos, cortes de
cabelos, bem desenhados, no caso do homem negro, dreds longuíssimos, blacks
enormes, ou aquele corte de cabelo, que tem aquela listra no inicio, que eu n
sei dizer o nome.
Mas e as
carecas e barriguinhas. E os dred’s que ao longo do tempo vão afinando,
encurtando, caindo. Em que padrão de beleza eles se encaixam? Admito que sou fã
dos “homens de verdade”, da barriga que afaga, e serve de travesseiro, na falta
de um, do cabelinho entrecortado, por algumas fissuras abertas pelo tempo, como
um sinal de uma longa caminhada, ou pelo corpo que decidiu por si só fazer
estas marcas.
Um parêntese especial
para os cabelos brancos. Estes, ponto central do meu amor. Não resisto. Passei
a adolescência, dividindo os meus sonhos de príncipe entre o Richard Gere
(Admita, você já quis ser Uma linda mulher), o Sean Connery (bofe lindo,
barrigudinho), e o Michael Douglas ( O amor acabou, depois que descobri que ele
era ninfomaníaco).Pode perceber o fato de que referenciei apenas os homens
brancos,afinal falo de uma adolescente cinéfila, que divagava entre a vida real
e os príncipes da Sessão da Tarde, Temperatura Máxima, e outras sessões oferecidas
pelas emissoras brasileiras.
Só mais tarde
descobriria atores negros como atraentes, expressos na figura maior, divina e
linda do Denzel Washington que parece um vinho, a cada fio branco, a cada
quilinho a mais, fica mais lindinho, mais apetecível, ou o Morgan Freeman, que
com seu Black de fios brancos, ainda aperta meu coraçãozinho, ou ainda um Laurence
Fishburne, o eterno Morpheu que também exibe a sua linda barriguinha.
O importante
aqui é dizer um recado aos homens. Um corpo escultural atrai, sim. Mas, a sua
barriguinha, cultivada com cerveja, churrasco, e feijoada, também tem o seu
lugar no mundo, ela jamais será desprezada, jogada ao léu, bem como a sua
carequinha, lindinha, que além de ser sexy, passa uma imagem de um homem muito
inteligente e sábio, ao menos para mim.
A você que
está entrando no imortal hall dos barrigudos e carecas. Relaxe.Se acostume a
nova imagem, e ao final das piadinhas, se saia com a máxima “é dos carecas que
elas gostam mais”.
Ui amei. super bom mesmo sua reflexão... Me fez reler muitas coisas.
ResponderExcluirParabéns, Luana! O texto ficou muito bom, gostei. Eu adoro um preto velho.
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