quinta-feira, 2 de maio de 2013

Entre carecas, cabelos brancos e barrigas: Um ode aos homens de verdade.


Outro dia, um amigo lançou uma campanha no Facebook onde pegava fotos de homens e mulheres negras, e comentava o fato de serem pessoas normais, do cotidiano de uma Salvador preta, e que grande parte das publicações de fotos e mulheres negras nesta rede social, estava sempre reforçando homens e mulheres magras, cabeludos, sem dobras, cicatrizes, pneuzinhos, e coisas do tipo.
O padrão de beleza, eurocêntrico nos influencia até quando estamos tentando lutar contra ele, e é preciso estarmos atentos a isso. Os gregos viam nos traços bem definidos, a beleza.Corpos esculturais que eram modelados nas batalhas diárias, em espaços de guerra, como se diz no mundo acadêmico, “medidas proporcionais”, que eram expressas nas suas esculturas, alias eram tão aficcionados a isso que criaram uma regra matemática,para definir se um rosto é bonito ou não.
Seja, grego, romano, árabe,judeu, negro, negra, branca, branco, indígena, oriental, e por ai segue.Existe sempre um padrão corpóreo a ser seguido, é a ditadura da magreza, a ditadura da cabeleira, ou em tempos de “popozudas”, a ditadura do bundão, pernão, peitão, que poderia ser conhecida como a ditadura do “aõ”, desde que seja um “aõ” controlado, bem durinho.
Para as mulheres, cobradas o tempo inteiro para estarem lindas, prontas pra qualquer espaços, isto se constitui em um sacrifício diário. E como os homens lidam com isso? Eles também são cobrados, e sofrem com os idéias de beleza, é só olhar pra os outdoors, capas de revistas, caderno, e afins, que você verá o tipo de homem exposto, sempre bem malhados, com seus tanquinhos, definidos, cortes de cabelos, bem desenhados, no caso do homem negro, dreds longuíssimos, blacks enormes, ou aquele corte de cabelo, que tem aquela listra no inicio, que eu n sei dizer o nome.
Mas e as carecas e barriguinhas. E os dred’s que ao longo do tempo vão afinando, encurtando, caindo. Em que padrão de beleza eles se encaixam? Admito que sou fã dos “homens de verdade”, da barriga que afaga, e serve de travesseiro, na falta de um, do cabelinho entrecortado, por algumas fissuras abertas pelo tempo, como um sinal de uma longa caminhada, ou pelo corpo que decidiu por si só fazer estas marcas.
Um parêntese especial para os cabelos brancos. Estes, ponto central do meu amor. Não resisto. Passei a adolescência, dividindo os meus sonhos de príncipe entre o Richard Gere (Admita, você já quis ser Uma linda mulher), o Sean Connery (bofe lindo, barrigudinho), e o Michael Douglas ( O amor acabou, depois que descobri que ele era ninfomaníaco).Pode perceber o fato de que referenciei apenas os homens brancos,afinal falo de uma adolescente cinéfila, que divagava entre a vida real e os príncipes da Sessão da Tarde, Temperatura Máxima, e outras sessões oferecidas pelas emissoras brasileiras.
Só mais tarde descobriria atores negros como atraentes, expressos na figura maior, divina e linda do Denzel Washington  que parece um vinho, a cada fio branco, a cada quilinho a mais, fica mais lindinho, mais apetecível, ou o Morgan Freeman, que com seu Black de fios brancos, ainda aperta meu coraçãozinho, ou ainda um Laurence Fishburne, o eterno Morpheu que também exibe a sua linda barriguinha.
O importante aqui é dizer um recado aos homens. Um corpo escultural atrai, sim. Mas, a sua barriguinha, cultivada com cerveja, churrasco, e feijoada, também tem o seu lugar no mundo, ela jamais será desprezada, jogada ao léu, bem como a sua carequinha, lindinha, que além de ser sexy, passa uma imagem de um homem muito inteligente e sábio, ao menos para mim.
A você que está entrando no imortal hall dos barrigudos e carecas. Relaxe.Se acostume a nova imagem, e ao final das piadinhas, se saia com a máxima “é dos carecas que elas gostam mais”.

2 comentários:

  1. Ui amei. super bom mesmo sua reflexão... Me fez reler muitas coisas.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns, Luana! O texto ficou muito bom, gostei. Eu adoro um preto velho.

    ResponderExcluir